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Hérnia Discal

Por Prof. Doutor Ricardo Rodrigues Pinto, Médico Ortopedista e Especialista em Coluna Vertebral. Escolha o melhor para a sua coluna.

O que é a hérnia discal ou hérnia de disco intervertebral?

A hérnia discal ou hérnia de disco consiste na deslocação de uma porção do disco intervertebral para uma zona diferente da sua localização anatómica normal. Esta situação pode levar à compressão de estruturas nervosas, causando dor e alterações neurológicas.

Os discos intervertebrais funcionam como um mecanismo de amortecimento entre as respectivas vértebras permitindo um movimento da coluna vertebral normal e com absorção permanente de cargas. Cada disco é formado por uma camada externa espessa (anel fibroso), envolvendo um centro gelatinoso (núcleo pulposo). No centro da coluna encontra-se um canal, o canal vertebral, onde se situa a medula e as raízes dos nervos espinhais.

Quando existe uma rotura do anel fibroso e pela compressão gerada através das cargas mecânicas a que a coluna vertebral é sujeita existe a passagem de material proveniente do núcleo pulposo para o canal vertebral originando a chamada hérnia discal. 

Este fenómeno pode gerar compressão e consequentemente sintomas neurológicos, nomeadamente dor neuropática, perda de sensibilidade e força nos membros e até incapacidade motora.

Quando o conteúdo do núcleo pulposo não ultrapassa o anel fibroso para o canal vertebral ou seja quando a rotura do anel fibroso não é completa, aí estamos perante uma protusão discal. Conforme a localização na coluna vertebral designamos a hérnia por hérnia discal cervical, dorsal ou torácica, e lombar.

Quais os Tipos de Hérnia Discal?

Hérnia discal cervical:

A hérnia discal cervical, ou simplesmente hérnia cervical ocorre mais frequentemente entre a 5ª e 6ª ou 6ª e 7ª vértebras cervicais, comprimindo ou não os nervos que passam junto deste segmento anatómico. Os sintomas desta patologia podem manifestar-se através de dor irradiada ao longo do braço, braquialgia ou cervicobraquialgia, acompanhada de alterações neurológicas variáveis.

Hérnia discal lombar:

A hérnia discal lombar ocorre com maior frequência entre a 4ª e 5ª vértebras lombares ou entre a 5ª vértebra lombar e 1ª vértebra do sacro ,podendo comprimir os nervos que se situam nestas regiões anatómicas. Este tipo de patologia pode manifestar-se frequentemente por dor irradiada ao longo da face lateral ou posterior da perna até ao pé conhecida como dor ciática, e podendo ser acompanhada de alterações neurológicas.

Hérnia discal dorsal ou torácica:

Esta patologia é uma patologia de carácter mais raro e cujo diagnóstico nem sempre é claro. Manifesta-se por perturbações da sensibilidade, perda de força do tronco e membros inferiores, alteração do padrão de marcha, e em casos mais raros disfunção urinária ou intestinal.

Quais as Causas Hérnia Discal?

A hérnia discal pode ter diversas causas, a mais habitual é a desidratação do disco que ocorre com o avançar da idade e que torna o disco muito menos elástico e flexível levando à ocorrência de microfissuras no anel fibroso que através das forças sujeitas durante a mobilidade articular acabam por provocar a rotura do anel fibroso.

O principal fator que contribui para a degeneração discal é genético. Outros fatores como pegar em pesos de forma inadequada, tabagismo,, peso excessivo ou esforços repetitivos são fatores de risco para o aparecimento de uma hérnia de disco ou para o agravamento dos seus sintomas.

Quais os Sintomas da Hérnia Discal?

Os sintomas são provocados pela compressão e inflamação dos nervos ou da medula, e variam conforme a localização da hérnia discal.

Quais são os sintomas mais comuns da hérnia discal cervical?

A hérnia discal cervical manifesta-se por dor que normalmente irradia ao longo do braço. Em muitos casos essa dor pode atingir a mão e a esta condição chama-se braquialgia. Caso este sintoma seja acompanhado por dor na região cervical chama-se cervicobraquialgia. Esta compressão nervosa provocada pela hérnia discal cervical pode originar espasmo e dor dos músculos do pescoço, ombro, omoplata e braço, sendo muitas vezes descrita como ardência, queimor ou pontada. Outros sintomas são: dor de cabeça (cefaleias), adormecimento, formigueiro, alterações da sensibilidade e fraqueza muscular nos membros afetados. Em casos mais raros poderá existir uma perda do controlo da bexiga e dos intestinos, podendo significar uma compressão grave da medula.

Quais são os sintomas mais comuns da hérnia discal lombar?

O sintoma mais conhecido da hérnia discal lombar é a conhecida dor ciática, uma dor aguda que irradia pela face lateral ou posterior da perna até ao pé, e é causada pela compressão da hérnia discal sobre as raízes dos nervos L5 ou S1. Pode estar associado a uma dor de costas persistente. Esta dor de costas por si só não pode ser considerada para um diagnóstico da hérnia discal lombar mas em conjunto com outros sintomas tais como: adormecimento, formigueiro, alterações da sensibilidade e fraqueza muscular do membro afetado podem contribuir para uma maior exatidão deste diagnóstico.

Como é realizado o diagnóstico da Hérnia Discal?

O diagnóstico da hérnia discal é conseguido através da realização de um exame físico detalhado com a colheita da história clínica do doente, testes físicos que incluem exames neurológicos para determinação dos nervos afetados e do grau de afetação destas estruturas. É sempre apropriada a realização de Raio X, embora a ressonância magnética nuclear seja o exame considerado de primeira linha para a identificação desta patologia. A Tomografia Axial Computorizada (TAC) poderá ser uma alternativa para o diagnóstico desta patologia. Em alguns casos pode ser útil o estudo da condução nervosa e eletromiografia (EMG).

Quais as opções de tratamento da Hérnia Discal?

A hérnia discal na maioria das situações é uma situação que pode e deve ser tratada de forma conservadora e não cirúrgica. Só em casos graves de comprometimento neurológico ou em que o tratamento conservador não é eficaz é que a cirurgia deve ser considerada.

Tratamento conservador da hérnia discal:

O tratamento conservador, não cirúrgico, deve ser a primeira opção e na maioria dos casos resulta numa melhoria significativa da sintomatologia. Numa fase inicial deve ser restringida a atividade física, especialmente movimentos de flexão e transporte de cargas e com a conjugação de medicação analgésica é na maior parte dos casos suficiente. Adicionalmente podem ser prescritos medicamentos anti-inflamatórios, relaxantes musculares, colares cervicais ou cintas de imobilização lombar. Hoje em dia existem tratamentos que recorrem a técnicas de relaxamento, fortalecimento dos músculos das cadeias musculares dos segmentos próximos à lesão, fisioterapia com reforço selectivo das cadeias musculares que ajudam na prevenção da recidiva deste tipo de patologia.

Recentemente estudos internacionais comprovam a grande eficácia de terapias como o Pilates Clínico no tratamento e prevenção da hérnia discal. Ainda é possível como tratamento conservador recorrer a terapias como as infiltrações epidurais e transforaminais que contribuem para um alívio sintomático imediato e redução da inflamação dos nervos, podendo ajudar na resolução dos sintomas de forma mais célere. Existem outras técnicas minimamente invasivas realizadas por via percutânea recorrendo a uma pequena anestesia local como a nucleoplastia por coablação ou plasma e a ozonoterapia, usadas em casos muito particulares, mas cujo os resultados não estão ainda comprovados. Caso o tratamento conservador não resolva os sintomas, ou quando existem alterações neurológicas concomitantes, a cirurgia está indicada e é um meio curativo de grande eficácia.

Tratamento cirúrgico da hérnia discal: 

Existem diversas opções cirúrgicas para o tratamento deste tipo de patologia. Hoje em dia damos uma grande importância à cirurgia minimamente invasiva (endoscopia ou microdiscectomia)com utilização de portais com incisões que medem aproximadamente 1cm e cujos benefícios na recuperação são enormes.

A opção cirúrgica vai depender muito da zona anatómica em questão e do grau de afetação das estruturas nervosas, bem como da existência ou não de outras patologias concomitantes. Independentemente da técnica cirúrgica e do protocolo de reabilitação existe a probabilidade de recidiva da hérnia discal, com recorrência dos sintomas, em cerca de 5-10% dos casos no espaço de 10 anos, podendo necessitar de nova cirurgia.

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